quinta-feira, 26 de novembro de 2009

San jose


The hands you were given just don't seem fair. You playin with what you given and your doing fine. But you try not to think about it most of the time, you just do what you have to, to make sure you get through. But sometimes it hurts. *


* Joe Purdy

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Mas não te vás embora, por favor. Obrigada.


Depois de tudo, encontrar-te é uma forma de Deus dizer:
- Vês? Eu bem te disse que sim.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Goodbye Alice in Wonderland

Quando eu era pequenina ficava enrolada numa manta a ver a chuva bater na janela e talvez uma tia a mexer-me nos caracóis, a fazer-me uma trança com uma destreza incrível. E talvez a mesma tia, as mesmas mãos, na cozinha, e mais uma vez uma destreza incrível, pão com manteiga que me sabe hoje a saudade. A aquecer-me a pedra que sou, sem saber bem onde acabo porque já me sinto acabada faz tempo. Sem saber bem para o que tenho jeito, não tenho jeito para nada, como se fosse maneta, sem boca, sem vista. A acabar onde os outros começam. Sempre antes dos outros, ou a prolongarem-me o tempo, porque não me enervo com facilidade, não fico nervosa com o dia-a-dia. Que venha o que deus quiser, que eu não tenho mais sitio para ir.
Quando me roubaram as mantas e o som da chuva, roubaram-me a cor da alma e foi um sarilho nessa altura, porque ninguém me esperava e já nenhuma tia a elogiar-me os caracóis. E os caracóis a fazerem-me achar feia, porque já nenhuma trança no alto da cabeça e ninguém a pedir-me a mão nas passadeiras. Crescer é também deixar de ser amado. Ninguém a admirar-me a trança, e a minha mãe não mais a orgulhar-se de mim à porta dos gabinetes das colegas. E eu um pouco maior e tornar-me numa pedra por dentro, a fazer do meu corpo uma ilha, sei lá porquê que cresci assim, é a maneira que sou, não gosto que se cheguem, porque demoro a habituar-me aos cheiros, aos timbres da voz. Mas depois, quando me costumo não quero outra coisa, e é mais um sarilho, porque as pessoas tendem a aborrecer-se, sei lá porque, é a maneira que os outros são, a fazerem ruídos com os olhos (eu ouço sempre os ruídos dos olhos e põe-me louca, porque nada tem de semelhante com o som da chuva na vidraça, a força).
A força da chuva na vidraça, aquilo espantava-me, porque estava lá fora, e eu numa manta com uma tia a olhar por mim não fosse a menina magoar-se. Nunca fui de me magoar, mas mesmo assim, vai-se lá saber. Nunca fui de me magoar, e quando deixaram de olhar por mim, eu tornei-me numa pedra, porque não havia mais manta e não havia mais chuva na vidraça mas agora chuva no cabelo, na dobra das calças. E o pão com manteiga eu que o fizesse.
Não sei da tia, é estranho como perdemos as pessoas, num dia o corpo a abraçar-nos, noutro frio, calado. E ninguém a dizer-nos a verdade, a sussurrar por portas encostadas. E agora eu uma pedra, com medo do que os outros vão achar dos meus caracóis, acha bem tia? Talvez não seja assim tão pedra mas mais lama, com medo de crescer, com um medo de morte de envelhecer, ser a tia de alguém (difícil, porque falta-me a sua destreza de mãos) e depois o meu corpo frio, calado. E só um sussurro onde eu antes estava.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

walk away


Saber perder é uma virtude que eu nunca entendi. Nunca te soube perder, sempre a agarrar-te por um dedo, a guardar-te mais um dia. Mas foi num dia de chuva que eu te vi para além de meu, no teu todo que nunca me deixaste entrar. Foi num dia de chuva que eu fui dormir para o sofá. Foi, também, num dia de chuva que eu te dei espaço, mas agora não penses, nunca penses, que o fiz por ti, fi-lo porque acreditei que assim irias voltar, devagarinho, levar-me de volta para a cama, segurar-me no pescoço e
- Que disparate.
Saber perde-te foi um processo lento que me roubou demasiado, habituar-me à tua ausência, ao frio das tuas coisas esquecidas, às paredes vazias foi um mal maior. Mentiria se dissesse não te sentir a falta, sinto sempre, todos os dias. O mal está aí, na verdade.
Não penses, por um segundo que o fiz por ti, por altruísmo, fiz por mim. Tudo o que fiz foi por mim e pelo bocadinho teu que é meu. Perder-te foi algo que nunca pensei deixar-me fazer. Mas saber perder-te é, de certa forma, saber perder-me.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Mumford & Sons

But tell me now where was my fault, in loving you with my whole heart?
You desired my attention but denied my affections

sábado, 7 de novembro de 2009

It was in love I was created and in love is how I hope I die.

But now my best friend, my partner in crime ,
I'm afraid it looks as though we're gonna have to go our separate ways,
Oh, you see, the thing is: I love you.
I love you. But you see, I resent you all the same and
All my other friends say you're just slowing me down.

Oh, but I should have known you'd turn to me and say,
Before you through too much of me away
Don't you remember watching the sun coming up easy
While the rain came tumbling down?

We watched the sun coming up easy *
*Paolo Nutini

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

500 days of summer

- I love her smile. I love her hair. I love her knees. I love how she licks her lips before she talks. I love her heart-shaped birthmark on her neck. I love it when she sleeps.
- I hate her crooked teeth. I hate the way she smacks her lips. I hate her knooby knees. I hate that cockroach shape splotch on her neck.

mensagem 201

O pior sentimento que tive a infelicidade de conhecer foi o arrependimento. Quando me lembro de ti, da tua caligrafia nos meus cadernos, dos teus dedos entrelaçados com os meus arrependo-me de cada um daqueles dias. E, foda-se, quem conheceu o arrependimento sabe que ele é primo da vergonha e melhor amigo do medo.