domingo, 20 de junho de 2010

Mensagem 252


Três meses. É a morte de um amor que se prometeu eterno em três meses, no banco da frente do carro, numa esplanada na Boavista. São outras pessoas a darem-me a mão e outras a acenderem-te o cigarro. E a chama a iluminar-te os olhos e depois noite escura outra vez.
Três meses de telefonemas tardios e silêncios de dias seguidos. A janela do teu quarto embaciada e eu sem saber o que estou ali a fazer, tu a mostrar-me uma cadeira e desde quando é que o teu quarto é tão frio?
Três meses e excertos de cartas antigas no e-mail e chaves debaixo da cama, esquecidas.
E eu ao telefone:
- Como vai a tua vida?
Como uma qualquer. E eu, realmente, uma qualquer, de mão dada com outro. Três meses em cascata, eu presa em ti a acenar-me do outro lado da vida. E, de repente, saudades, tantas saudades. Mas de quê? Se eu de mão dada com outro e tu ao volante a pedir para te acenderem o cigarro.
Três meses que enterraram cinco anos, e eu ao telefone:
- Pois, e com quem vais sair hoje?

1 comentário:

Pedro Ramos disse...

Gostei muito das tuas palavras sentidas. É sempre triste quando algo assim acontece; mas a vida continua!