sábado, 2 de fevereiro de 2008

Volta para mim


A minha alma contorce-se,
E o amor que te prometi esvaísse.
Eu vejo-o a comer-se aos poucos.
Começa pelo principio, como deve ser,
E desce,
Eu vejo-o descer,
Descer por mim.
Corrói-me a pele.
E o mundo torna-se num lugar de loucos.
Eu corou-me a mim mesma de rainha.
E tu premeste-me que esta terra,
Será minha, só minha.
O teu dedo apontado ao infinito,
Relembra-me que todo o nosso amor foi comido.
Estou farta do menino Jesus e das suas promessas,
De pombas brancas
E da tua ausência.
Diz-me uma palavra certa e discreta.
Algo que me traga paz á noite,
E companhia de dia.
Traz-me poemas escritos pelo teu sangue de poeta,
E dias de segredo.
É capricho meu ou teu?
Desculpa-me a falta de paciência.
Estou farta, cansada, morta.
São tudo verbos e histórias.
Não são factos.
Nada do que eu digo pode ser escrito.
E, pior, não sinto que ninguém o queira escrever.
Se o que me faz eu,
Não é nada que eu amo.
Então deixa-me desaparecer.
Porque o amor que eu te prometo todos os dias,
Não me chega.
Ele trinca os seus próprios calcanhares
E engole-os sem mastigar.
Falta-me o ar.
Volta para mim, por favor.
A tua ausência é-me dor no sangue.
E eu olho os lugares que tu deixaste vazios,
E eles esvaziam-me a mim.
Volta para mim.
Eu não sei como mais te pedir.
As pessoas na rua, não sabem,
Não sabem.
Volta para mim.
As pessoas sentadas ao meu lado,
Não sabem a chuva que nós apanhamos um dia.
E não sabem o sorriso que nós usávamos.
Eu sabia-os todos.
Volta para mim.
O Inverno está a acabar mas eu não sei como lhe sobrevivi.
Lembras-te de nós?
Do infinito que fomos, e do nada que restamos?
Lembras-te?
Escreve-me ou telefona-me,
Porque sabes, tudo se tornou vazio e escuro.
Desde que tu partiste.
Os meses passam por mim,
E eu não sei, eu não sei.
Desde que tu fugiste, o meu amor tem-se comido a ele mesmo.
Sem modos, sem educação.
Meu amor fica comigo, volta para mim.

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