terça-feira, 20 de novembro de 2007

Forever, you said

Esvazia uma garrafa,
Deixa-a fazer efeito,
Precisas dela para sorrires,
E alguém que não gostas de lembrar,
Disse-te que a vida sem sorrisos é uma puta de uma vida.
Não o gostas de lembrar, mas não o consegues esquecer
E tudo o que ele te disse é sagrado,
Está escrito na bíblia que escreveste com as memórias a servirem de tinta.
E a memória quando quer, é permanente
Não a adormeces mesmo que a alimentes com outras mais pequenas, menos intensas.
O único alívio que descobriste foi o álcool e os seus gostos,
Foi o gás das noites agitadas, onde estás rodeada por caras que não te conhecem e nos bolsos não têm provas dos teus erros.
Erros: tantos que amontoaste à porta da tua casa.
Os teus pais lamentam-se mas não à tua frente.
E tu não te apercebes do bocadinho de alma que lhes arrancaste.
A tua irmã, porque o amor que sente tem formatos diferentes,
Avisa-te e manda-te limpa-los,
Mas tu não o fazes, porque o teu coração encheu-se de indolência.
Preferes esquece-los, calca-los, cuspi-los para dentro de uma garrafa,
Qualquer uma,
Não interessa o sabor, nem o ano.
Só que faça efeito
E te roube o peso do peito.
Que te dói tanto,
Um peso que é um vazio.
Um vazio que arde e queima cada veia.
Ris e rodas na loucura.
Ris e berras.
Abraças quem não conheces
E, ás vezes abraçam-te de volta.
Mas quando não abraçam não sentes desgosto
Já sentiste tanto pelo mesmo,
Como dói amar e não ser amado,
E tu és testemunha, tu és vitima, tu és juiz, advogado, audiência, polícia, jurado. Tu até és o edifício, mas não és o criminoso, não! Tu eras incapaz de cometer tal crime.
Não aguentas o peso
E tantas mistura-lo com o ar poluído de drogas e inconsciência.
Mas ele não se dissolve.
E quando abres a porta da tua casa, notas que os problemas enchem todas as divisões, intoxicam o oxigénio, e decompõem a comida guardada na despensa e na cozinha.
Dói-te o peito, as pernas, os braços, os dedos, o maxilar, o nariz, as unhas, as orelhas, dói-te o cabelo, dói-te até o que não sabias que tinhas.
Mas pelo menos sabes que não estás morta.
Antes estivesses, antes estivesses amiga minha.

Sem comentários: