terça-feira, 18 de agosto de 2020

Mensagem 285


Há dias em que o telefone não se cala,

A minha mão dada,

Um colo para me acalmar.

Alguém que me diga algo que eu não sabia

Sobre mim. E este planeta que gravita sobre o que gravita
por si.


Há dias em que sou eu sozinha,

A ver as fotografias dos outros no telemóvel,

Música como companhia,

E só eu própria para me dizer algo que eu não sabia,

Sobre mim. Sobre o amor dos outros que gravita também, como

tudo, sobre outro que gravita por outro.


Há dias em que eu estou em guerra dentro de mim,

(Mas de fato e gravata)

A gravitar sobre o meu próprio peso que eu ainda não sei se
pesa na balança ou é só ar,

Talvez a minha alma tenha o peso da balança.


Há dias em que a televisão está em guerra,

Há bombas e há jornalistas,

Há discursos e eu tenho medo

Porque as bombas não estão mais na televisão mas dentro de
mim,

Nas conversas com a chefe e com os meus amigos,

E eu nem sei se as bombas caem mesmo no chão,

Ou se só em cima do meu coração.


Ataque internacional,

Nesta alma que gravita

Sobre este planeta

Que gravita por si.

Mensagem 284




Pois aqueles que eu amo sempre me puxaram a mão para fora dos meus pântanos. Mesmo quando eles não sabiam que eu lá estava.


segunda-feira, 6 de julho de 2020

Mensagem 283



Agora eu já sei – em tom de voz derrotado – que qualquer cama nova em que me deite, é uma cama nova onde posso chorar.

E irei chorar até que o homem que deitado ao meu lado – em tom de voz de quem tem coração que sente – me perguntar porque choro.

Até lá, são só fronhas novas. E eles só homens com sono, não amores.