quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Mensagem 279


Tu roubas-me as palavras e eu sou só um corpo. Mas e depois, tu roubas-me os contornos ao corpo e eu sou só um ser. E então, tu roubas-me a necessidade de ser e eu sou só vontade de te ter. 
E isso, tu nunca me roubas. 

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Mensagem 278


Olhei para ti como se olha para família. Que poder absurdo para um homem tão ordinário.
Olhei para ti com cuidado. Que poder absurdo para um homem que me expulsa da cama de madrugada.

Olhei para ti com paciência. Ao menos mudas os lençóis entre mulheres?

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Mensagem 277


Agora é diferente. Não há flores de inverno no meu jardim. Em mim. Colhidas pelos vícios da mulher que eu sou. Mulher sem flores.
Era uma noite fria, mas havia calor em mim. - A necessidade de ser amada: sempre a paguei cara. E agora o espelho pergunta-me,
- O que é de ti?
a minha mãe no telefone,
- O que é de ti?
A culpa é dele, Mãe. Foi ele, Mãe. Ele disse que me amava, mas confundia o meu nome com puta. Ele planeava os meus filhos, mas encostava a faca de cozinha ao meu ventre. Ele puxava-me o cabelo, mas elogiava o das outras, Mãe.
Eu tive que me defender, Mãe.
Então agora é diferente. Não há flores no meu jardim.

Pois, todas as pétalas para te sufocar. Todas as sementes para te engasgar.