sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Mensagem 277


Agora é diferente. Não há flores de inverno no meu jardim. Em mim. Colhidas pelos vícios da mulher que eu sou. Mulher sem flores.
Era uma noite fria, mas havia calor em mim. - A necessidade de ser amada: sempre a paguei cara. E agora o espelho pergunta-me,
- O que é de ti?
a minha mãe no telefone,
- O que é de ti?
A culpa é dele, Mãe. Foi ele, Mãe. Ele disse que me amava, mas confundia o meu nome com puta. Ele planeava os meus filhos, mas encostava a faca de cozinha ao meu ventre. Ele puxava-me o cabelo, mas elogiava o das outras, Mãe.
Eu tive que me defender, Mãe.
Então agora é diferente. Não há flores no meu jardim.

Pois, todas as pétalas para te sufocar. Todas as sementes para te engasgar. 

Sem comentários: