quinta-feira, 27 de julho de 2023

Mensagem 292

 


No meio dos papéis dentro das tuas gavetas encontrei memórias de quando te fingias feliz. E como se fosse uma carreira de degraus, deparo-me com elas por um segundo.

Antes de avançar.

O meu coração partiu-se e ficou pesado como cimento, como uma barragem dentro do meu peito, em que nada fluía, nada passava.

Ao tentar impedir que o meu amor por ti fosse na corrente, encheu-se de entulho o meu espírito, os meus dias.

Na tentativa de não te perder as memórias, ergui muralhas dentro da minha própria alma.

E na tentativa de entender as tuas ações, quem és, perdi-me em apontamentos e equações. E por dias, perante os cálculos, acho que o meu coração parou de bater.

Na distância que vai do mundano do dia-a-dia e do que o meu coração quer ser, fiquei retida.

Partiste-me o coração em fevereiro. Agora é julho. E com o passar das estações a barragem transbordou, e que nem uma inundação o sangue começou a correr, e ali, na corrente, eu vi correrem as memórias de um futuro contigo. E apesar de arder, não doeu entender que o amor é uma decisão. Sou mulher agora que sei.

E vás onde fores, eu não quero ir. E o futuro que se perdeu, nunca existiu. Tu não és um capitão integro para os mares da minha alma. E não podes ficar com nada do que é meu. Coração incluído.

terça-feira, 25 de julho de 2023

Mensagem 291


Eu tenho tentado agarrar-me a ti,

Com as unhas nas tuas costas,

Os dentes nos teus braços.

E pergunto-me o que tu pensas,

E se tu não me dizes eu:

- O que estás a pensar?

- Em nada.

Mas os teus olhos estão perdidos.

E o meu peito pesado.

Eu tenho tentado agarrar-me a ti,

Com o meu corpo sobre o teu,

A minha mão sempre em ti.

E entre desejar saber o que a tua cabeça te diz

há momentos em que eu ouço uma voz na minha que:

- Deixa.

 

Disse-te que me ia embora,

Viver na cidade, e tu ficaste tão feliz.

Que não foi preciso perguntar para saber o que estavas a pensar.

O que sempre pensaste. 

 

Lembrei-me de quando íamos às compras,

Tu levavas os sacos e eu pedia-te sempre para dividir,

Só para poder andar de mão dada contigo.

E neste movimento do adeus, eu pergunto no ar se vou amar mais alguém,

Se alguém, um dia, me vai amar de verdade.

E o ar:

- Deixa.