Eu tenho tentado agarrar-me a ti,
Com as unhas nas tuas costas,
Os dentes nos teus braços.
E pergunto-me o que tu pensas,
E se tu não me dizes eu:
- O que estás a pensar?
- Em nada.
Mas os teus olhos estão perdidos.
E o meu peito pesado.
Eu tenho tentado agarrar-me a ti,
Com o meu corpo sobre o teu,
A minha mão sempre em ti.
E entre desejar saber o que a tua cabeça te diz
há momentos em que eu ouço uma voz na minha que:
- Deixa.
Disse-te que me ia embora,
Viver na cidade, e tu ficaste tão
feliz.
Que não foi preciso perguntar para saber o que estavas a pensar.
O que sempre pensaste.
Lembrei-me de quando íamos às compras,
Tu levavas os sacos e eu pedia-te
sempre para dividir,
Só para poder andar de mão dada
contigo.
E neste movimento do adeus, eu
pergunto no ar se vou amar mais alguém,
Se alguém, um dia, me vai amar de
verdade.
E o ar:
- Deixa.
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