sexta-feira, 22 de maio de 2009

For you I'd bleed myself dry


Eu a escrever sobre ti, dos teus dedos, mas apaguei. Mas voltei a escrever sobre os teus dedos, as tuas mãos, a tocarem-me nas costas. E apaguei. Até que percebi não valer a pena apagar, muito menos esquecer. És como daquelas tatuagens que nos prometem
- Dura só uma semana, menina.
E nunca sai, fica um rabisco a envelhecer connosco, a perder o sentido. A gastar-se pelo tempo, como os teus dedos a procurarem os meus, a tocarem-me nas costas como quem não toca, mas a queimar-me a coluna, a parar-me o sangue.
Devia apagar, mas não vale a pena. És aquele tipo de tatuagem que vêm com doenças, que me fodeu o coração, me fodeu a cabeça. Porque eu fecho os olhos e vejo as tuas mãos, os teus antebraços, o corredor cheio, pessoas, depois só tu, corredor nenhum, pessoa alguma. E os teus ombros por baixo da camisola (de que cor era a camisola?) a chamarem por mim, vida própria. Devia apagar, mas não vale a pena, não é que seja mais forte que eu, mas sim eu. E o teu pescoço a latejar. Apagar.
Talvez fosse melhor eu ir atrás de ti, lutar por ti e não pelo que deixaste. Fazer-me gente como toda a gente, mas é o medo que eu tenho que os teus dedos me tenham tocado por engano e que a minha coluna tenha incendiado por motivo nenhum (já vi acontecer, juro, é uma dor de ver).
Tenho medo que os teus gestos fossem uma merda que me entrou para o olho. Uma merda que me tatou o corpo e me fodeu, de igual forma, a cabeça e o coração.

Era amarela, a camisola era amarela.

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