Ás vezes mais valia nem teres vindo, porque hoje o coração pesa demais, com a memória da tua voz – a acordar, da tua voz depois de um cigarro, da tua voz a chamar-me do quarto ao lado – ás vezes mais valia nunca teres dito nada, sobretudo quando sabias que nunca ias ficar. Porque é isso que me pesa mais no peito, é isso que me custa ver ao espelho.
Seja como for hoje as palavras estão na cabeça, e quando chegam aos dedos, já não são palavras e no que elas se transformam (não tem nome, não tem forma) fica enterrado debaixo das minhas unhas.
Seja como for hoje as palavras estão na cabeça, e quando chegam aos dedos, já não são palavras e no que elas se transformam (não tem nome, não tem forma) fica enterrado debaixo das minhas unhas.
Mas a memória serve para isto: para doer o que já morreu.
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