Talvez a incerteza do fogo fosse melhor que a certeza daquilo que gela. Porque sabes? Morrer ás vezes parece solução. Deixa de me trazer dias frios nos bolsos, fumo no hálito. As saudades matam e tu parece que te esqueces. E vais ficando na cama, a rebolar as horas e eu que te espere na ausência do teu corpo. As saudades matam e parece que fazes de propósito, mas parece que te esqueces de quem eu sou, que fui eu que te ensinei a falar assim, a magoar assim. Quem me dera que morresses – coisa horrível de se querer, eu sei – mas quando te vejo ao longe é mais forte que eu. Nunca pensei, por entre todos os dias, que fosse possível odiar alguém assim, alguém que nos foi tão próximo. Tenho que te confessar isso porque me dói tanto mal dentro do meu corpo a fugir-me pela boca, a comichar-me as unhas. O teu hábito de achar que sabes de politica, que entendes as pessoas, que és semelhante a mim, tudo em ti come-me aos bocadinhos, e para o meu próprio bem quem me dera que morresses. Eu sei, que coisa horrível de se dizer a quem já se amou pelos verões dentro, a quem já se escreveu cartas de amor em guardanapos e a quem já se sujou do nosso sangue sem se importar.
As lembranças baralham-me os sentimentos e o que antes era raiva é dor agora, e a dor é mais lenta que a raiva mas não menos forte, e o teu nariz a tocar no meu, frio, e o cheiro do teu quarto, das tuas roupas abrem-me as feridas da saudade, e por mais que eu faça não consigo deixar de querer a tua morte. A tua ausência obriga-me a tal, a outro alguém a cheirar-te a roupa e tu mesmo, outro alguém que não tu, a passar por mim na rua e eu sem saber de ti. E mesmo agora, sentado ao meu lado nos cafés e a tua voz a corroer-me, e eu sem saber se te amo se te odeio. E se eu tivesse agora um guardanapo, ou um andante do metro eu não te escreveria mais cartas de amor, mas diria que a culpa é tua, que a culpa da morte do nosso amor, a culpa de eu não te querer ao meu lado nos cafés, ao meu lado na cama, ao meu lado no carro, é tua. Vive tu com ela, que pode ser que ela te mate.
As lembranças baralham-me os sentimentos e o que antes era raiva é dor agora, e a dor é mais lenta que a raiva mas não menos forte, e o teu nariz a tocar no meu, frio, e o cheiro do teu quarto, das tuas roupas abrem-me as feridas da saudade, e por mais que eu faça não consigo deixar de querer a tua morte. A tua ausência obriga-me a tal, a outro alguém a cheirar-te a roupa e tu mesmo, outro alguém que não tu, a passar por mim na rua e eu sem saber de ti. E mesmo agora, sentado ao meu lado nos cafés e a tua voz a corroer-me, e eu sem saber se te amo se te odeio. E se eu tivesse agora um guardanapo, ou um andante do metro eu não te escreveria mais cartas de amor, mas diria que a culpa é tua, que a culpa da morte do nosso amor, a culpa de eu não te querer ao meu lado nos cafés, ao meu lado na cama, ao meu lado no carro, é tua. Vive tu com ela, que pode ser que ela te mate.
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