sábado, 9 de junho de 2012

Mensagem 274


Houve um tempo que tu me amavas mais, paravas nas portas a olhar-me como quem:
-vens comigo?
E nesse tempo que tu me amavas mais, eu nem sempre queria ir, mas ia sempre. Tu escrevias-me cartas, eu perdi-as, sei lá porquê, nuca por mal. Tu não gostavas de falar ao telefone, mas ficavas do outro lado da linha. Tu não gostavas dos meus amigos, mas pedias-me sempre para vir comigo. E eu nem sempre queria, mas tu sempre vinhas.
Depois houve o tempo que eu te amei mais, parava ao teu lado como quem:
- e eu?
E nesse tempo que eu te amava mais, tu não me respondias, davas-me a mão só quando bebias, e nunca me atendias o telefone.  E eu triste, eu destruída, eu iludida. Eu amuava, chateava-me. Depois acabou, comigo a amar-te mais. E hoje eu já não paro ao teu lado como quem:
- e eu?
A questão está no ar sempre que tu entras na sala, sempre que tu passas de carro.

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