terça-feira, 29 de outubro de 2019

Mensagem 282



E quando eu for velha,

e só alma,

eu vou repousar na memória da tua mão no meu peito,

a aquecer o animal que ainda aqui vive.

Mas que um dia vai desvanecer

- Imagino-a a perder as garras, enrolar-se e adormecer - 

E deixar-me no lugar dela só a gente de quem eu sou,

o acomodar de fazer nada mais que esperar nada mais, na

qualidade de viúva: não de ti mas do animal em mim.


Na cidade que já não me chama,

eu vou esconder-me numa poltrona,

como os velhos fazem,

mas com a memória da tua mão em mim, ausente

dos devaneios das minhas ilusões de animal irracional.

O teu animal a tranquilizar o meu,

antes que eles desapareçam.

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