Eu invejo a tua bússola moral,
sem norte ou sul, como deve ser fácil viver assim. Eu perco-me nas questões de
certo ou errado, sempre à procura do livro de instruções nos braços dos outros.
Nas manhas dos outros.
Sempre a tomar decisões com
lágrimas nos olhos, sem saber onde meter os pés.
E nesta falta de saber onde estar,
sem a intuição do direito de simplesmente ser. Eu, Inês. Quem sou eu se os
outros não me querem?
Eu invejo-te nas tuas mentiras,
sem medo de me abrir este peito costurado a custo. Deus sabe que eu não seria
capaz. Com medo de O chatear, Deus sabe que eu temo fazer mal com medo que o
mal me alcance. Nesta fragilidade de ser eu. Aos teus pés me aninho, de
cabeça levantada para não me engasgar na humilhação de aninhar aos pés de um
homem.
Eu, Inês.
Com medo de confrontar os outros. Os outros
que nada sabem sobre mim, só sobre eles. Que nada me representam, mas tudo me
definem. Quando vou eu sentir-me no direito de ser eu, Inês?
Eu invejo-te nessa forma que
fazes da vida uma tourada. Achei que assim sendo tu tinhas o livro de
instruções que eu anseio, mas parece-me a mim que as tuas instruções vêm dessa bússola
sem norte ou sul.
Deus sabe que a minha me trava
nas subidas. Confusa no meu peito. Quem és tu Inês? Quem queres ser Inês? É assim
que se é, Inês? Sê esperta Inês.
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