quarta-feira, 27 de março de 2024

Mensagem 297

 


Quando eras meu,

- A vibrar no telemóvel e a descer a estação do oriente -

Eu queria-te escrever cartas de amor mas,

há qualquer coisa no amor que não gosta de um poema,

e fica-se pelas palavras à mesa,

Na cama.

 

Agora, agora, que deixaste de ser meu,

Faço cartas de amor até no supermercado,

há qualquer coisa no desgosto que só cabe no papel,

Por ser tão profundo.

Então eu pesquiso aulas de

jardinagem, bordado e de como ser,

na expectativa de não deixar o desgosto enraizar.

Eu tinha tanto, tanto, medo de te perder,

de te ouvir dizer o que disseste,

de te ver sair pela porta que saíste.

 

Agora, agora, eu tenho medo de que tudo te corra bem,

Desde que me deixaste,

que por um rasgo de sorte, todos os teus sonhos

se alinhem e encaixem,

todos os telefonemas são boas noticias,

todas as campainhas são para ti.

E que tu penses que foi porque eu me fui embora.

 

Sintomas de uma alma dorida,

cuja cura está longe.

E eu eu eu

desconfio que ficou nas cartas de amor que nunca te escrevi.

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