quinta-feira, 16 de abril de 2009

How can I help what you think?

As palavras a não me caberem na cabeça,
E a tentarem chegar-me á língua,
Mas a enfiarem-se nos dedos.
E são estas, não bem estas, mas semelhantes a estas, as que eu te tentei dizer.
Talvez se tivesses tido tempo,
Não o tempo do relógio, mas tempo de verdade.
Porque eu senti a tua pele debaixo dos meus dedos,
Não a pele, mas a consistência dela, a realidade dela, a verdade dela.
E ignorei-a, ignorei a tua pele que eu queria como minha.
A tua pele debaixo dos meus dedos e eu a virar os olhos, a dobrar os dedos.
A enfiar-me nos cantos com medo que alguém reparasse em mim e perguntasse:
- E esta quem é?
E o meu nome a soar estranho.
Não, não ridículo. Não foi isso que eu disse. Estranho,
Como se não fosse o meu nome, eu, mas um som.
E eu a tentar-te fazer entender, e tu a virar os olhos de mim, a prende-los em sei lá quem
(não quero saber, não digas)
E o meu nome cada vez mais estranho na boca dos outros,
e eu a pedir-te para não me roubares memórias,
e tu a fingir-te de surdo.
Que raiva, os meus dedos a sentirem-te sem tu aqui estares,
Que raiva, a tua pele a ganhar forma. Eras tu, não a tua pele, eras tu.
E as palavras a não serem suficientes,
E tu sem tempo, com o relógio a dar-te corda aos músculos,
- E esta quem é?
E todos a voltarem-se para mim,
E eu, de repente, ninguém. Como se vê na televisão.
E tu a sorrir-me, a pedir-me com o sorriso. Há tempo de mais.
- E esta quem é?
E eu com medo da minha resposta.
E as palavras a cansarem-se da espera,
E aos poucos, a petiscarem-me o ser.
Um bocadinho ali e aqui, até a falta ser muita.
Não tenho medo de ti, da tua pele debaixo dos meus dedos. É só pele.
Eu atrás dos moveis, debaixo da mesa e mesmo assim
- E esta quem é?
Silencio de quem tem voz, como resposta.
E o peito a latejar mas eu já nem sinto.
E o peito a bater de dor, mas sem dor.
E, aqui e ali:
- E esta quem é?

2 comentários:

Chelsea Dagger disse...

foto e texto mais lindos, nem sei muito bem o que escrever.
acho fantástica a forma como escreves, é diferente de todos os textos que já li. no fundo, tens a tua própria marca em tudo o que escreves, tens a tua forma especial de descrever os sentimentos. confesso que gosto muito dos poucos textos teus que li, estão absolutamente fantásticos :')


"e eu a pedir-te para não me roubares memórias,
e tu a fingir-te de surdo."
- esta, para mim, é das melhores frases que aqui tens :$



obrigada pelo comentário, e pela sugestão, já tive oportunidade de ouvir a música e amei! aproveitei também para ouvir outras dele, igualmente maravilhosas :$


grande beijinho *

Hey Sunshine * photography disse...

Fantastico, parabens.

Beijinhos, Matilde *