As palavras chegam em gritos mudos,
A correr-me pelas veias sem cerimonias,
Mas nunca me passam pelo nó da garganta.
Encurraladas na minha alma fria, as palavras não são diferentes de mim.
E eu sei lá o que fazer para te ser,
E tu sabes lá a dor com que me cegas,
No teu olhar cor de mel,
Nos teus gestos frios, distantes.
Encurralados na minha alma fria que nunca derrete.
O porquê das coisas é mais entrelaçado do que tu pensas,
Porque não há razões ou Deuses.
As dores e alegrias chegam em gritos loucos a rebolar pelas esquinas,
Sem ar mas com o dobro da força de qualquer Humano.
Com o triplo da força.
E as pequenas coisas ás vezes têm tanta força,
Como o meu nome na tua boca,
O fluido do teu riso,
O teu corpo vazio de ausência,
E eu dou-me a ti num esgotamento absoluto,
Numa fome desesperada,
Em que os olhos são mais que olhos,
E a solidão proibida.
Eu dou-me a ti numa promessa funda,
Até a profundidade da tua pele,
Até eu voltar a ser quem fui um dia,
Até toda a minha dor ser só a lembrança de uma memória, não doer.
Até a vida não me doer.
Eu dou-me a ti por cima de tudo e todos,
Até as palavras furarem o nó da minha garganta,
As paranóias do dia a dia serem falsas.
Até as minhas ilusões serem bíblicas.
E nada disto será uma primeira vez.
Mas a prova da (minha) realidade,
Em que tu não és remoto mas presente,
Em corpos mal amados, que eu amei.
Nesta minha loucura obrigatória,
Que me caracteriza a boca do céu.
Na minha falta de presença de espírito em não conseguir dizer as verdades quando elas doem.
E elas ficam encurralas em mim, quando não me pertencem.
quarta-feira, 8 de abril de 2009
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