Estás atrasado o tempo de uma vida e esta demora levou-me a loucura. Não te vou pedir para ficares porque tu não o farias. Talvez te passe á entrada de casa e então
- Vou sentir a tua falta.
Porque no fundo já sinto. Mas se o fizer será sem a intensidade de antigamente, da coleira ao pescoço e o teu nome atrás da orelha. Talvez te bata a porta uma manhã destas em que não há distancias mas um vazio de espaço, uma saudade imensa, e te conte o que tens perdido desta vida. Te pegue na mão e te passei o dedo pelo peito. Talvez te leve de volta para o que esta vida nos tirou debaixo dos pés. Esta vida que se desenha sempre torta e tantas vezes que já é de propósito, e nós que nem peixes num aquário, a dar tudo por tudo para voltar ao mesmo sitio, sempre com sombras de outros mas sem nunca alcançar a nossa. E nós que nem peixes numa rede, a esgotar-nos as forças e gigantes (que de gigantes nada tem, nem o apelido, nem a vista) a agarrarem-nos pelo tronco e a medirem-nos com a boca. E nós metáforas porque já pouco somos. Deitados ao comprido e a ver a vida a fugir-nos, por entre as curvas da terra, e as entorses com que a vida se vai rindo. Sem piada nenhuma pois eu com um medo de morte da solidão, a saber melhor que ninguém que o tempo é o maior ladrão, e mesmo quando nós acreditamos nele, ele de fininho a roubar-nos a juventude, a trincar-nos a alma, a fechar-nos as pálpebras. Até que um dia elas não se abrem mais, eu a lutar contra elas, contra o luto e a solidão e o tempo a ganhar-me por muito. Portanto talvez eu te passe a entrada de casa, berre o teu nome pelas escadas e então talvez eu:
- Fica comigo.
- Vou sentir a tua falta.
Porque no fundo já sinto. Mas se o fizer será sem a intensidade de antigamente, da coleira ao pescoço e o teu nome atrás da orelha. Talvez te bata a porta uma manhã destas em que não há distancias mas um vazio de espaço, uma saudade imensa, e te conte o que tens perdido desta vida. Te pegue na mão e te passei o dedo pelo peito. Talvez te leve de volta para o que esta vida nos tirou debaixo dos pés. Esta vida que se desenha sempre torta e tantas vezes que já é de propósito, e nós que nem peixes num aquário, a dar tudo por tudo para voltar ao mesmo sitio, sempre com sombras de outros mas sem nunca alcançar a nossa. E nós que nem peixes numa rede, a esgotar-nos as forças e gigantes (que de gigantes nada tem, nem o apelido, nem a vista) a agarrarem-nos pelo tronco e a medirem-nos com a boca. E nós metáforas porque já pouco somos. Deitados ao comprido e a ver a vida a fugir-nos, por entre as curvas da terra, e as entorses com que a vida se vai rindo. Sem piada nenhuma pois eu com um medo de morte da solidão, a saber melhor que ninguém que o tempo é o maior ladrão, e mesmo quando nós acreditamos nele, ele de fininho a roubar-nos a juventude, a trincar-nos a alma, a fechar-nos as pálpebras. Até que um dia elas não se abrem mais, eu a lutar contra elas, contra o luto e a solidão e o tempo a ganhar-me por muito. Portanto talvez eu te passe a entrada de casa, berre o teu nome pelas escadas e então talvez eu:
- Fica comigo.
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