sábado, 8 de dezembro de 2007


És o consciente da minha consciência
Se eu tal tivesse.
Somos unidos por qualquer coisa muda.
E haja um deus à nossa espera ou só um grande e infinito vazio,
Houve uma grande união que o preencheu uma vez aberto.
Tens a tua poesia que nunca se instigue
E mais ainda, inaugura a minha
És consciência do que eu não tenho.
Mas és também, a alegria do meu ser.
E fazes-me parecer líquida, como se houvesse, ainda em mim, algo moldável.
E se houver eu sei que só tu o podes encontrar.
Eu sei.
Obrigada pelo pouco que me é tudo. Porque é esse tudo que me traz consciências ás palavras.
Entendes o que te digo?
Porque tu trazes-me vida ao corpo.
E o meu corpo é morto.
Se, meu amor, a monotonia matasse.
Eu já estaria em decomposição
Mas tu, tu trazes-me vida.
Traze-la agarrada nos teus pequenos gestos,
Como o dobrar das tuas mãos ou o teu piscar de olhos.
Tenho tanto para te dizer, mas eu perco-me no meio das palavras,
Se eu te disser que elas nunca me trouxeram o que eu preciso delas, acreditas em mim?
É verdade. É a mais pura de todas as verdades.
O que também é verdade é a minha insatisfação
Quanto mais me dão mais eu peço.
Eu quero sempre mais e mais.
É a minha dor e o meu fardo.
És a minha doença e a minha cura.
E eu vou sempre sentir a tua falta como se me fosses pele.
Escrevo-te num sinal de rendição. Espero que o consigas identificar e guardar.
Porque um dia vais-lhe sentir a falta, vais-lhe sentir a falta como se ele te fosse pele.
Quando te perder, nunca vou deixar as memórias.
Porque afinal és o consciente da minha consciência.

Sem comentários: