terça-feira, 24 de junho de 2008

By the way...


P.s: As ressacas já lá vão,
Ficaram nas avenidas das cidades em que nos perdemos.
Nas ruelas das vilas em que nos reinventamos.
Sinto-me condenada a uma dor sem nome, sem explicação.
Que não se vê ou se come.
Sente-se. Nas entranhas, nas veias, no ar.
No vazio que o contorno do teu corpo queimou.
Nem esse incêndio que flamejou durante um década e dois dias,
Foi capaz de te levar daqui.
As provas da tua existência. Tu ficas, até ao fim.
Como uma promessa comprida.
Como um filho de um amor. Como a bíblia, como um templo.
Tu ficas porque eu te amo sem amor.
E tu me amas a mim, como só um ser humano sabe amar.
Tu és homem com nome e sede. Cabes-me nas mãos, e sorris-me do fundo do poço.
Tu não és dor profunda, nem sequer és poesia, mas que sa’foda.
Para que preciso eu de uma alma ondulante quando tenho fio pela noite?
A tua pele é quente e dura, que faz de mim canibal.
Os teus lábios não sabem a lábios. Como os tantos que para aí andam, que não sabem a fruto ou especiaria alguma.
Os teus tem um travo de canela, será?
As ressacas já lá vão, a caminho do fim do mundo.
Não vás com elas, que eu tenho sempre frio pela noite.

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