Houve uma altura em que eu realmente pensei que se pedisse o suficiente tu voltarias.
Mas tu não voltaste.
E eu pedi com toda a força do meu ser.
Corpo, alma e mente.
Houve uma altura, que tu estiveste aqui.
Nesta terra de ninguém.
Houve uma altura em que tu disseste que valia a pena.
Mas não valeu.
Não valeu pelo simples facto de ser eu.
E dentro de mim não haver verdades poéticas, história, tesouros.
E desde quando vale a pena um ser vazio?
Diz-me tu, sábio de dogmas, professor de vida.
Diz-me porque te foste embora.
Antes de me ensinares a fazer o luto pelo que decide partir.
Antes de me ensinares a esquecer, andar em frente, viver sozinha.
Diz-me quais foram os males que eu fiz.
Houve uma altura em que tu me sentavas numa estrela e me apresentavas as outras.
Tratava-as por “tu” e dizias-te rei de grandes cometas.
E eras. O mal era todo esse, tu sempre foste tudo aquilo que dizias ser.
Ainda o és.
O mal foi eu nunca ser, embrulhar-me, a mim e a ti, em farrapos de mentiras, em lençóis imorais.
Podia-te pedir desculpa, mas eu não o sei fazer.
Podia-te telefonar, mas não sei que nome tomas por estes dias.
Podia então, partir numa viagem individual, visitar a Grécia e a Itália, trazer de lá cheiros e saberes que Portugal nunca me poderá dar.
Podia, nesse tempo, conhecer-me a mim mesma, para assim nunca mais me desiludir comigo própria.
Podia depois voltar, voltar para ti.
E dizer-te, mudamente, tudo aquilo que o meu corpo vomita, berra e esperneia.
Podia dizer-te que a minha vida não tem sabor,
Que com o tempo, acredito que fiquei daltónica.
Que, resumidamente, te amo.
E talvez assim, tu percebesses professor, mestre, pai e avó meu.
Que tu significas mais para mim do que deveria ser humanamente possível.
Talvez assim eu te possa dizer exactamente onde me dói.
Eu te possa apontar o veneno que me corrói,
As palavras que eu não consigo perdoar,
As pessoas que eu não consigo esquecer.
Professor meu, deixa-me ensinar-te eu algo:
A saudade, combinada com o tempo, não mata, não queima. Nada faz, na verdade.
Forma, porém, rugas na pele mais jovem.
Lava a pigmentação dos olhos mais escuros.
Repara em mim, uma última ou primeira vez.
Mestre meu, o que eu sempre quis foi ser um bocadinho de ti.
O que eu sempre quis, sempre, foi ter o teu vulto como meu.
Leva-te daqui.
A tua memória, o teu cheiro.
Que eu não aguento, houve tempos, sim, em que eu me achei capaz de te esperar eternamente.
Mas não mais.
Adeus, meu todo, meu eu, meu riso.
Mas tu não voltaste.
E eu pedi com toda a força do meu ser.
Corpo, alma e mente.
Houve uma altura, que tu estiveste aqui.
Nesta terra de ninguém.
Houve uma altura em que tu disseste que valia a pena.
Mas não valeu.
Não valeu pelo simples facto de ser eu.
E dentro de mim não haver verdades poéticas, história, tesouros.
E desde quando vale a pena um ser vazio?
Diz-me tu, sábio de dogmas, professor de vida.
Diz-me porque te foste embora.
Antes de me ensinares a fazer o luto pelo que decide partir.
Antes de me ensinares a esquecer, andar em frente, viver sozinha.
Diz-me quais foram os males que eu fiz.
Houve uma altura em que tu me sentavas numa estrela e me apresentavas as outras.
Tratava-as por “tu” e dizias-te rei de grandes cometas.
E eras. O mal era todo esse, tu sempre foste tudo aquilo que dizias ser.
Ainda o és.
O mal foi eu nunca ser, embrulhar-me, a mim e a ti, em farrapos de mentiras, em lençóis imorais.
Podia-te pedir desculpa, mas eu não o sei fazer.
Podia-te telefonar, mas não sei que nome tomas por estes dias.
Podia então, partir numa viagem individual, visitar a Grécia e a Itália, trazer de lá cheiros e saberes que Portugal nunca me poderá dar.
Podia, nesse tempo, conhecer-me a mim mesma, para assim nunca mais me desiludir comigo própria.
Podia depois voltar, voltar para ti.
E dizer-te, mudamente, tudo aquilo que o meu corpo vomita, berra e esperneia.
Podia dizer-te que a minha vida não tem sabor,
Que com o tempo, acredito que fiquei daltónica.
Que, resumidamente, te amo.
E talvez assim, tu percebesses professor, mestre, pai e avó meu.
Que tu significas mais para mim do que deveria ser humanamente possível.
Talvez assim eu te possa dizer exactamente onde me dói.
Eu te possa apontar o veneno que me corrói,
As palavras que eu não consigo perdoar,
As pessoas que eu não consigo esquecer.
Professor meu, deixa-me ensinar-te eu algo:
A saudade, combinada com o tempo, não mata, não queima. Nada faz, na verdade.
Forma, porém, rugas na pele mais jovem.
Lava a pigmentação dos olhos mais escuros.
Repara em mim, uma última ou primeira vez.
Mestre meu, o que eu sempre quis foi ser um bocadinho de ti.
O que eu sempre quis, sempre, foi ter o teu vulto como meu.
Leva-te daqui.
A tua memória, o teu cheiro.
Que eu não aguento, houve tempos, sim, em que eu me achei capaz de te esperar eternamente.
Mas não mais.
Adeus, meu todo, meu eu, meu riso.
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