Quando dei por ti, estavas caído morto,
Sem te despedires ou dares uma explicação.
Eu toquei-te com o dedo mindinho mas o teu corpo estava frio e hirto.
Eu disse-te baixinho que já eram oito da manha, mas tu continuaste a dormir num silêncio profundo.
Eu liguei a televisão para calar o silêncio que me comia viva, mas na televisão tudo morria.
E um silêncio ainda maior subiu sobre mim.
A primeira vez que te vi tu sorrias devagarinho,
Como nos filmes a preto e branco,
Tu sorrias com o copo de brandy na mão,
E os teus olhos foram meus em promessas minhas.
Quando dei por mim, tu estavas sentado a meu lado.
E eu toquei-te com a palma da mão, para ter a certeza que tu não eras de borracha,
Eu toquei-te depois com a alma toda.
A ultima vez que te vi, foi antes de adormeceres,
Vinhas com a cara séria, como nos filmes de acção,
Deitas-te a meu lado e tocaste-me com o olhar e então disseste:
- Boa noite.
E eu disse com a voz seca,
- Até amanha.
O teu corpo está frio e o frio chega-me a pele,
Mas eu só me mexo para a ver a televisão,
O mundo é só desgraças, penso eu.
Eu agarro-me a ti, e peço-te desculpa pelo veneno na sopa,
Mas sabes, há males que vem por bem.
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
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