terça-feira, 15 de abril de 2008

Though I'll never forget your face, sometimes I can't remember my name


Eu sei quais são os defeitos que me serão um dia veneno.
Eu sei-os, não penses o contrário só porque eu os admito em mim.
A verdade, é que o meu maior defeito proíbe-me de cuidar dos outros.
Se a minha indolência me permitisse mais do que faz,
Talvez tu pudesses olhar para mim da forma que eu te peço todos os dias.
Talvez não. E talvez só assim seja justo.
Talvez, só seria justo se tu me quisesses pelo o que eu sou,
E não por o que eu poderia ser, se eu não fosse.
O segredo parece-me estar em aceitar.
Aceitar que somos o que somos,
E que, mesmo que tivéssemos oportunidade para ser algo melhor, não o conseguiríamos.
Aceitar que deus não existe pelo simples facto de, não ser possível alguém com um coração tão grande e com todo o poder da terra e da eternidade, – como Pai do céu alega ter – permita que a dor nos cegue e mate. Que a injustiça prevaleça e a morte seja a nossa única segurança.
Aceitar, então, que é cada um por si.
Cada um por si num mundo sobrelotado e gasto.
Aceitar que tudo tem um final.
Aceitar que as pessoas vão-se embora.
Aceitar que há quem nos queira mal.
Aceitar que há quem nos queira bem.
Porque, por mais voltas que dê, eu não encontro as qualidades que me serão um dia antídoto.
Mas talvez, eu tenho que aceitar que o propósito do meu ser, é não o ter de todo.
É ser a única pessoa no mundo que não é.
É ter nada e nada ser.
E talvez assim, eu consiga tirar algum proveito do que me rodeia.
Talvez assim eu posso ser feliz.
Os amigos que eu tenho podem talvez não o ser no futuro.
Mas isso não os impede de o ser hoje.
Eu posso aceitar que o mundo seja plano,
Que o céu seja castanho,
E que o verão seja gelado.
Mas nunca poderei eu aceitar que tu não me amaste.
Porque eu o fiz com unhas e dentes.
E mesmo que hoje tu não sejas o mesmo,
Ainda és meu por direito divino.
E só o deixares de ser quando eu aceitar que Deus te possa tirar de mim.
E tu sabes o quanto teimosa eu posso ser.
Mas não te preocupes, meu querido, que para o nosso bem, até a minha teimosia terá um fim.
E um dia, eu hei de te esquecer,
Tal como tu te esqueceste de mim.

Sem comentários: