sábado, 26 de abril de 2008

Please


Espero que saibas contar.
Espero que saibas ler e escrever.
Porque na infinidade das coisas que eu te quero dizer
Nem uma delas faz sentido.
Quando eu tocar à tua campainha é bom que desças rápido.
Eu não gosto de esperar.
Muito menos gosto de esperar por nada.
Por isso, quando eu tocar à tua campainha desce rápido.

A noite ainda não se levantou.
E no seu sono escuro, ela faz-me ter medo do que eu vejo.
Os meus olhos não foram feitos para ver isto.
Os meus olhos não merecem ver isto.
Eu não mereço ver-te ser o que foste comigo.
Mas se é isso que me mostras,
Mostra-me outra vez até eu, por fim, morrer.

Mata-me,
Se é isso que queres.
Leva-me à loucura.
Leva-me à prisão.
Faz-me desistir de mim mesma.
Faz-me desistir de respirar.
Se é isso que queres, faz.

Espero que saibas esperar pela tua vez de falar.
Espero que saibas ouvir.
Não estou para ser interrompida ou mal compreendida.
Tenho uma vida recheada de abusos,
Dispenso mais alguns.
Mas se os queres tanto fazer,
Com a mesma vontade com que me abraçaste um dia.
Então faz.
Mata-me, vá.

Faz-te homem pelo menos uma vez
Imputa a culpa em mim,
Empurra-me como os homens cultos fazem.
Diz-me que eu não sirvo, que sou uma fingida
E a pior coisa que te aconteceu.
No fim, promete-me que não me queres voltar a ver.

Vá, faz-te homem,
Em vez de te pores com esquemas de animal.
Prende-me aos meus erros e diz-me que eu te magoei com lágrimas nos olhos.
Diz-me que eu te arranquei a vida.
Mostra-me que te importas por eu te ter enganado.
Diz-me que eu era tudo o que tu tinhas, e não precisavas de mais.

Porque foi para isso que eu te apunhalei
Para tu te mostrares homem perante mim ao mesmo tempo que me dizias que me amavas.

Faz-te homem, por favor, para eu poder então morrer em paz.

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