O teu casaco de malha amarelo entre os meus dedos,
Eu a abraçar-te o casaco,
Tu a abraçares-me o corpo.
Os teus dedos a furarem-me a pele, numa dor que me atravessa.
Tu a sorrires como quem morre,
Eu em silêncio como quem já foi sepultado.
No silêncio que sempre foi nosso desconhecido,
Num abraço que nos queima a pele e cega o tacto.
E então um:
- Até já.
O teu casaco de malha que se deitou, mais que uma vez, por cima dos meus pés.
Num crime desajeitado mas pleno em que ateávamos fogo ao mundo,
Num crime sem vitimas ou precedentes.
Num segredo que deixou marcas aos olhos de todos.
A minha humanidade perdida num mundo a arder.
Subir ao céu, subir ao céu.
A minha roupa perdida nos lençóis, e um ou dois sorrisos.
O meu luto a secar sobre as tuas cicatrizes, como quem hesita perante algo bonito.
A tua voz de poeta – que pertence somente aos homens – a explicar o porquê de deus ser surdo e mudo.
A tua voz que vinha do fundo de ti e ecoava no fundo de mim.
- Até já.
Descer ao inferno, descer ao inferno.
O teu casaco de malha a sorrir-me do passado e a queimar-me a ponta dos dedos.
O teu sorriso que não era teu,
E o destino a bater à porta,
Aos pontapés, aos murros.
Tu já sabias o teu destino antes sequer de ele o ser.
A tua pele enrugada pelo tempo que ainda não passou,
O teu cabelo esbranquiçado da ausência da juventude que ainda não acabou,
O teu corpo amedrontado a arrastar-se,
E eu agarrada ao teu casaco de malha amarelo,
Tão amarelo que destoa. Que não parece real.
E eu lembro-me do sol a pôr-se por detrás da tua face, o teu sorriso a quebrar o laranja. Os teus olhos em bico e as tuas mãos quentes embaraçadas nas minhas.
Eu lembro-me do teu sorriso a rasgar-se para além do sol, para além da lógica.
Eu lembro-me e dói.
Eu entro pelo passado adentro e dói-me no peito e nos joelhos.
A tua voz de poeta que não precisava de palavras a comichar-me os ouvidos,
Fica na terra, fica na terra.
O teu casaco de malha a proteger-me os cabelos,
Eu lembro-me de ti e sangro, e sangra o mundo, e sangras tu.
- Até já.
Eu a abraçar-te o casaco,
Tu a abraçares-me o corpo.
Os teus dedos a furarem-me a pele, numa dor que me atravessa.
Tu a sorrires como quem morre,
Eu em silêncio como quem já foi sepultado.
No silêncio que sempre foi nosso desconhecido,
Num abraço que nos queima a pele e cega o tacto.
E então um:
- Até já.
O teu casaco de malha que se deitou, mais que uma vez, por cima dos meus pés.
Num crime desajeitado mas pleno em que ateávamos fogo ao mundo,
Num crime sem vitimas ou precedentes.
Num segredo que deixou marcas aos olhos de todos.
A minha humanidade perdida num mundo a arder.
Subir ao céu, subir ao céu.
A minha roupa perdida nos lençóis, e um ou dois sorrisos.
O meu luto a secar sobre as tuas cicatrizes, como quem hesita perante algo bonito.
A tua voz de poeta – que pertence somente aos homens – a explicar o porquê de deus ser surdo e mudo.
A tua voz que vinha do fundo de ti e ecoava no fundo de mim.
- Até já.
Descer ao inferno, descer ao inferno.
O teu casaco de malha a sorrir-me do passado e a queimar-me a ponta dos dedos.
O teu sorriso que não era teu,
E o destino a bater à porta,
Aos pontapés, aos murros.
Tu já sabias o teu destino antes sequer de ele o ser.
A tua pele enrugada pelo tempo que ainda não passou,
O teu cabelo esbranquiçado da ausência da juventude que ainda não acabou,
O teu corpo amedrontado a arrastar-se,
E eu agarrada ao teu casaco de malha amarelo,
Tão amarelo que destoa. Que não parece real.
E eu lembro-me do sol a pôr-se por detrás da tua face, o teu sorriso a quebrar o laranja. Os teus olhos em bico e as tuas mãos quentes embaraçadas nas minhas.
Eu lembro-me do teu sorriso a rasgar-se para além do sol, para além da lógica.
Eu lembro-me e dói.
Eu entro pelo passado adentro e dói-me no peito e nos joelhos.
A tua voz de poeta que não precisava de palavras a comichar-me os ouvidos,
Fica na terra, fica na terra.
O teu casaco de malha a proteger-me os cabelos,
Eu lembro-me de ti e sangro, e sangra o mundo, e sangras tu.
- Até já.
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