terça-feira, 30 de setembro de 2008

Don't you wish that we could forget that kiss?


Eu e tu não somos poetas, nem maresia.
Somos mentiras prometidas,
Tu deitavas-te na cama, a respirar o ar que nunca existiu,
E dizias-me que contavas os dias para morrer.
Eu deitava-me a teu lado e dizia-te que contava os dias para nascer.
Tu nunca me respondeste, concentrado nas contas que nunca terminaste.
Nunca terminaste, porque na verdade, nunca as começaste.
Tu partiste antes, se quer, de chegar,
E devias saber que um coração abandonado dói mais (muito mais) que um coração morto.
Tu disseste que voltavas, num ano ou dois,
Que todos os dias sentirias a minha falta,
Que terias uma foto minha na carteira,
Que dormirias com o sabor da minha pele nos lábios,
E que nunca, nunca, me deixarias de amar.
Se tivesses ido, só ido, sem me avisar, sem prometer voltar,
Sem me prometer amar pela eternidade adentro,
Eu não choraria até desmaiar,
Eu não perdia um ano ou dois com o coração nos ponteiros,
Se tivesses ido como quem parte para não voltar eu não tinha envelhecido á tua espera.
Eu e tu não somos poetas nem maresia, mas eu amei-te como se fossemos e não como mentiras prometidas.
Quando tu te deitavas na cama, com os braços a chamar pelo meu corpo, eu amava-te como se fosses a poesia na sua natureza,
Quando tu me dizias viva e tua,
Eu dizia-te vivo e meu.
Por estes dias, eu sei lá onde te escondeste,
Eu sei lá que muros encontraste.
Por estes dias, eu sei lá que amores decifraste.
Não me perco em ti como me perdia em dias distantes,
Não te amo como amei em vidas diferentes.
Mas de certa forma, eu espero pelo homem que um dia vi parti com a mesma força,
Mas tu não foste para á guerra,
Tu foste porque eu nunca te fui suficiente.
Tanto eu como tu sabemos que sim.

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