Cresces dentro de mim para mim,
Como se a existência de um ser fosse simples como isso.
O arranque directo das dores do peito,
Com um sopro.
Um piscar de olhos, ou um suspiro.
E pronto, está feito.
És filho, depois pai, avô e cadáver.
Enfiado ás pressas da natureza num caixão de sobreiro.
Com um sopro já não és em mim a grandeza que foste,
És a memória do amor passado,
Mas que por isso não dói menos.
Um amor que se despediu sem maneiras,
Mas que de vez em quando, bate á porta.
Numa batida funda e surda,
Uma que se espeta na pele e diz-se rainha.
Coroada sobre o olhar atento dos súbitos que não existem, da idade que não aparentam.
E a tua mão a cair da cama,
O olhar adormecido, e a respiração assídua.
O quarto escuro porque ainda era de noite, e a tua mão alongada no ar, o pulso hirto.
E eu a pensar estar no céu.
No vibrar da eternidade e na lusco-fusco que é a vida, que foste tu enquanto meu.
E eu a pensar-te Deus.
Nas letras que escrevias a cuidado, uma a uma, com a boca presa nelas, e a voz surda de dor,
Escrevias as frases com os dedos atentos,
E prometias dali sair um épico.
Do épico nunca vi mais que um monte de papel,
E o teu olhar adormecido, quase vazio a contemplar a ideia da sua existência.
Nunca o chegaste a escrever no papel,
Mas escreveste-o na minha alma de mulher, quase viva.
Escreveste o nome a sangue, e sopraste-lhe para ele secar.
Sopraste o teu nome na minha alma.
E eu filha, depois mãe, avó e cadáver.
Do épico nunca vi prova.
Eternidade, prometeste tu.
Como se a existência de um ser fosse simples como isso.
O arranque directo das dores do peito,
Com um sopro.
Um piscar de olhos, ou um suspiro.
E pronto, está feito.
És filho, depois pai, avô e cadáver.
Enfiado ás pressas da natureza num caixão de sobreiro.
Com um sopro já não és em mim a grandeza que foste,
És a memória do amor passado,
Mas que por isso não dói menos.
Um amor que se despediu sem maneiras,
Mas que de vez em quando, bate á porta.
Numa batida funda e surda,
Uma que se espeta na pele e diz-se rainha.
Coroada sobre o olhar atento dos súbitos que não existem, da idade que não aparentam.
E a tua mão a cair da cama,
O olhar adormecido, e a respiração assídua.
O quarto escuro porque ainda era de noite, e a tua mão alongada no ar, o pulso hirto.
E eu a pensar estar no céu.
No vibrar da eternidade e na lusco-fusco que é a vida, que foste tu enquanto meu.
E eu a pensar-te Deus.
Nas letras que escrevias a cuidado, uma a uma, com a boca presa nelas, e a voz surda de dor,
Escrevias as frases com os dedos atentos,
E prometias dali sair um épico.
Do épico nunca vi mais que um monte de papel,
E o teu olhar adormecido, quase vazio a contemplar a ideia da sua existência.
Nunca o chegaste a escrever no papel,
Mas escreveste-o na minha alma de mulher, quase viva.
Escreveste o nome a sangue, e sopraste-lhe para ele secar.
Sopraste o teu nome na minha alma.
E eu filha, depois mãe, avó e cadáver.
Do épico nunca vi prova.
Eternidade, prometeste tu.
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