domingo, 5 de outubro de 2008

The saddest part of a broken heart


Não entendo a minha necessidade (que é mais tua que minha) em ser rainha.
Porque sabes? De rainha tenho pouco, o meu berço era de madeira,
E a minha coroa uma autêntica farsa,
E por falar de farsas, já reparaste no teu olhar vazio?
Um olhar que me esvazia a mim – porque tudo se resume a memórias – um olhar que me queima e mata como se tivesse vida própria.
Um olhar que me faz sentir a falta dos amores de antigamente,
Da tua alma de antigamente, sem pecados e com um sorriso, oh um sorriso de alma capaz de pôr a fim a guerras, pôr fim á fome, e fim a esta necessidade estúpida com que acordei hoje.
Oh, o teu sorriso de alma era a razão do meu.
E agora que ele desapareceu (nem Deus sabe para onde),
A minha alma não sorri, dorme ou vive. Vazia.
Vazia como o olhar que tu sustentas,
Como a guerra que tu comandas, ou a fome que alastras.
O teu olhar não mais me pertence,
E eu aceito isso com uma dor profunda,
Com uma revolta abafada.
As tuas unhas arranham-me a pele,
A tua voz engole-me,
E ris (as rainhas não riem) da minha solidão,
Quando a tua é mais sinónimo de podridão.
Podridão de alma. A tua alma é podre e cheira.
Oh, se ela cheira, cheira do outro lado do mundo, cheira dentro da tua casa, que já não tem espaço para a minha companhia,
Cheira dentro da minha casa.
Dentro do meu corpo,
E cheira até, quando eu não cheiro.
Eu lembro-me de quem tu foste, de quem tu eras para mim e em mim e comicha-me por dentro ver quem és hoje.
A tua alma podre, o teu cabelo pintado de nada e as tuas palavras venenosas.
Quando tu tinhas uma alma que era casa para mim,
Quando tu tinhas um cabelo que era deus em mim,
Quando tu tinhas palavras que eram cura em mim.
Assim, não entendo a minha necessidade de ser rainha tua,
Quando nada mais tens para meu ser.
A verdade é que nem tu sabes o pouco que és ao tentares ser mais do que foste,
Mas diz-me, vais sentir a minha falta quando – depois de pôr o santo dinheiro na mesa – eu partir?
Vais sentir a minha falta quando a minha ausência for eterna?

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